Roupas, sapatos, mobiliários, mantimentos, e outros itens que foram amplamente previstos como impossíveis de serem vendidos on-line são cada vez mais adicionados a milhões de cestas de compras virtuais ao redor do mundo.
Para a agência de tendências, isso é apenas o começo. Com a infraestrutura correta, qualquer coisa pode ser comprada na internet. E entregue no prazo.
Enquanto aqui no Brasil convivemos com desafios logísticos difíceis de transpor, e que culminam em atrasos - basta lembrar que no início deste ano, a Fundação Procon de São Paulo determinou a suspensão das atividades de algumas empresas de e-commerce pelo período de 72 horas devido a inúmeras reclamações de entregas – lá fora o caso é diferente.
Empresas como a inglesa Aurora Fashions, grupo por trás das marcas de moda feminina Warehouse, Coast, Karen Millen e Oasis, já oferecem em seu e-commerce o sistema de entrega rápida, de no máximo 90 minutos – por enquanto apenas disponível para poucos bairros de Londres.
Com a boa adesão, mesmo apesar da taxa de entrega mais salgada (varia de 10 a 20 euros, dependendo da marca), aos poucos o grupo foi aumentando o perímetro. As peças saem das lojas mais próximas à casa do cliente. “Nosso recorde de tempo de entrega foi 16 minutos para uma consumidora no centro londrino”, contou o CEO da Aurora, Mike Shearwood. Outra do Reino Unido, a Shutl, oferece entregas de eletrônicos em menos de 90 minutos para mais de 40 cidades.
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90 minutos é um sonho distante para o brasileiro. A Netshoes, maior empresa de e-commerce do País, merece ser citada. Em sua apresentação no BRWeek, evento promovido pela revista Novarejo, Roni Cunha Bueno, diretor de marketing da Netshoes, contou como a empresa encara a entrega.
Rápida, ela separa, empacota e entrega na mão do transportador cada pedido em duas horas. “Nosso prazo total para entrega é de 48 horas, por isso cumprimos a nossa parte o mais rápido possível e o restante fica nas mãos do terceiro”, esclareceu Bueno.
A empresa, que possui o maior número de vendas e o menor índice de reclamações do varejo on-line brasileiro, acaba de inaugurar sua loja mobile, o que indica que as vendas só vão aumentar. “Agora estamos no bolso de todo consumidor”, brincou o diretor.
É mais trabalho para as empresas de entrega e logística, como os Correios. De acordo com José Furian Filho, vice-presidente de negócios dos Correios, importante parceiro transportador de inúmeras empresas de e-commerce no País, a ascensão da classe C ao mercado de consumo, aliada a políticas governamentais que diminuíram o preço dos computadores, fizeram com que surgissem milhões de novos compradores pela internet. “O mercado do comércio eletrônico cresce 35% ao ano. Isso exige fortes investimentos das empresas para acompanhar”, afirmou. “Apesar de vivermos em um País de proporções continentais, pouco se investe no transporte aéreo”, comentou. Justamente para suprir a carência desse mercado, Furian declarou que os Correios irá, em breve, criar uma empresa para atuar exclusivamente neste setor.
Os desafios da entrega no mundo
Mas nenhum problema de logística é tão grave quanto o vivido em alguns países da África, assegura o alemão Guido Sach, executivo para EMEA (Europa, Oriente Médio e África) da DHL. “Eles estão 15 anos atrás do Brasil em termos de estrutura de rodovias e ferrovias, o que resulta em sérias implicações para o supply chain, e consequentemente avanço desses países”, conta Sach para quem o impacto da transição entre o mundo off-line e on-line vai exigir uma reestruturação do varejo no que diz respeito a multicanal e supply chain.
“Enquanto no off-line basta uma grande entrega para o Centro de Distribuição ou a loja, no on-line são milhares de entregas um-a-um, demandando uma robusta estrutura logística, pré-requisito para cumprir a promessa de agilidade e rapidez tão apregoadas como diferencial desse canal”. Claro que isso não é uma lamúria, já que para as empresas de transporte como a DHL de Sachs, ter expertise para atuar nestes dois mundos bipartidos, significa só mais uma oportunidade. Ele comenta que na Alemanha, maior mercado varejista da Europa, onde os consumidores gastam uma média de US$ 410 bilhões ao ano, muitos sites estão embutindo o valor da entrega no preço do produto. Ainda é cedo para dizer se a prática virará tendência, já que o mercado alemão de e-commerce reúne características particulares, sedimentadas bem lá atrás, com anos e anos de compras por catálogo, que moldaram um consumidor ambientando à rotina de comprar à distância.
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Fonte e créditos: Portal NOVAREJO