“Os empresários brasileiros não têm projeto de País, mas sim de como tomar empréstimo com juros subsidiados pelo BNDES”, provoca o jornalista William Wack, em plenária nesta terça-feira (12/06) durante o evento Brasilshop, promovido pela Associação de Lojistas de Shopping (Alshop).
Segundo Wack, a distância geográfica do Brasil com relação aos grandes centros de decisão do mundo e opção de não interferir em conflitos mundiais, como no Oriente Médio, são ao mesmo tempo bênção e maldição para o País: bênção, porque nos priva da insegurança que vivem tanto árabes quanto europeus e americanos; e maldição, porque essa distância nos torna alheios ao que acontece no cenário externo.
“Por essa falta de interesse que temos, a tendência típica do brasileiro é encarar nossos problemas aqui como se fossem impostos por alguém de fora. Os entraves dos nossos desenvolvimentos são colocados por ‘eles’”, corrobora Wack, citando que as recentes crises não são desculpa para o Brasil não se desenvolver.
“Nos Estados Unidos, é a primeira vez que na história que uma geração atual vive em condição pior que a geração passada”, continua, referindo-se ao fato de que a renda familiar americana de hoje é igual à de 1990. “Isso é incompreensível para nós, que achamos que a prosperidade acontece por inércia”, diz.
Com a maior mudança do eixo global dos últimos 500 anos, passando do Ocidente para a Ásia, o Brasil fica distante mais uma vez do centro de decisão mundial – caracterizados, de acordo com Wack, como lugares onde se promovem inovação, produtividade e tecnologia.
Giuliano Donini, presidente da Marisol, aponta que a empresa tem atuado recentemente no varejo mas perdeu muito espaço como indústria nos últimos anos. “Beira ao ridículo comprar roupa no Brasil para quem tem a oportunidade de comprar lá fora”, observa, lembrando que os brasileiros torraram US$ 21 bilhões em cartão de crédito no exterior em 2011. “Consideramos isso normal enquanto o consumo acontece, mas não há renovação de riqueza. É uma troca de consumo. Ele deixa de consumir a categoria A ou B para consumir a C”.
Já Caíto Maia, presidente da Chilli Beans, aproveita o momento ruim no exterior para ampliar sua presença internacional. Hoje, das 440 lojas da rede de óticas, 40 estão em outros países – dez delas apenas em Los Angeles, Estados Unidos. “Eu tenho as portas abertas para entrar aonde chego”, conta, apesar de lamentar que sente falta de um apoio do governo brasileiro para se vender lá fora.
Para finalizar, Wack comenta que sorrisos e portas abertas no exterior só acontecem para quem é inovador, como é o caso da Chilli Beans.