Quanto valem os dados que disponibilizamos nas redes sociais?

20/04/2015 10:56

Entrevista de Jairson Vitorino, CTO da E.Life, ao Diário Económico

Rita Paz - rita.paz@economico.pt

Imagine por exemplo um perfil chamado @Mom39 que se descreve como mãe, que vive em Barcelona, médica e fã radical de jogging. Ou o quarentão @CarlosFly, que mora em Londres, que faz menções frequentes a carros e que usa frequente- mente o Foursquare para fazer check in em diversos aeroportos pelo mundo. Muitas empresas adorariam ter dados tão detalhados como estes dos seus consumidores. A boa notícia é que agora podem tê-los. E com as ferramentas de software certas, as marcas podem usar os media sociais para identificar, classificar e interagir apenas com os consumidores certos para o seu negócio, lançando produtos e serviços à sua medida.

Como é que as marcas estão a processar a informação gerada nas redes sociais e a aplicar a inteligência artificial no contacto com os consumidores?

As marcas recolhem dados nas redes sociais, por exemplo o Twitter, e utilizando um software de prospeção de dados, procuram por termos relevantes para o seu target e, facilmente, em menos de uma semana conseguem identificar mais de milhares e milhares de pessoas. O segundo passo deste processo é armazenar todas as timelines dos utilizadores identificados e aplicar técnicas de clusterização e prospeção de texto com o intuito de descobrir padrões de dados e tendências nesta grande massa de dados. O último passo implica alocar analistas experientes que irão vasculhar toda a coleção de dados, num processo similar a um focus groups tradicional (a que o Twitter de facto se assemelha: um grande focus group desestruturado com 250 milhões de participantes opinando sobre tudo).

Quão valiosos são os dados que disponibilizamos nas redes sociais?

Embora sejam dados públicos na sua maioria, o valor que se pode extrair destes dados depende do nível de sofisticação do processamento que é aplicado sobre eles. Tal e qual uma pedra pre- ciosa em estado bruto, é preciso minerar o “cascalho” e lapidar os cristais encontrados. Isto é, para cada 1 megabyte de dados somente 4% a 8% se transforma em informação relevante. É diferente twitar “Estou com sono” de “Estou com fome e vou a McDonalds”. No universo dos social media, os consumidores informam os gestores de marketing e o pessoal de vendas dos seus desejos mais profundos, assim como de acontecimentos importantes nas suas vidas de uma forma única.

O que é que as marcas podem fazer com os nossos dados? 

O melhor que as marcas podem fazer é entender os nossos desejos e preferências para poder lançar produtos e serviços à nossa medida.

Quais as transformações que a inteligência artificial está a operar no campo das redes sociais? 

Desde o início um sub-ramo da Inteligência Artificial (IA) chamada mineração de textos (text mining) foi essencial para “do- mar” a web. A primeira global bem sucedida a usar esta técnica chama-se Google, que hoje é sinónimo de busca na rede em todo o mundo. Hoje milhares de empresas no mundo utilizam estas técnicas para organizar diretórios cada vez mais potentes de dados de todos os tipos, dos quais social media, são apenas uma pequena parcela. Todas estas empresas dependem destes algoritmos de text mining criados e aperfeiçoados nas últimas quatro décadas.

Quais são as implicações éticas inerentes a estas práticas? 

Como qualquer inovação tecnológica, a Internet e os dados compartilhados pelos cidadãos podem ser usados de forma danosa para a sociedade ou para o indivíduo, nada entretanto diferente dos perigos que representaram o telefone, o rádio e a TV cada um a seu tempo. Cabe à sociedade organizada estabelecer limites às empresas e ao go- verno no uso desta tecnologia. 

A aplicação da inteligência artificial no contacto com os consumidores é uma revolução para a área de marketing das empresas? Porquê?

Sim, é uma revolução iniciante e silenciosa, mas que se opera a uma velocidade impressionante. Hoje por exemplo o meu telemóvel já “minera” meu gmail e me avisa que vou a Lisboa amanhã, como está o tempo e quais as principais atracções da cidade, sem que eu aperte um botão. O mais precioso da IA é antecipar as necessidades de informação do indivíduo sem ser intrusivo. E isto é algo extremamente sofisticado e que ainda demoraremos mais alguns anos para aprimorar. 

Analisando o mercado quais as principais tendências que considera irão marcar o sector nos próximos tempos?

Neste início do ano vimos a cor- rida do Twitter para entrar no mercado de transmissão ao vivo de vídeo com o lançamento do Periscope, provocado em parte pelo sucesso do concorrente Merkaat. Também imagino que o novo Messenger do Facebook vá atrair muitas empresas visto que a empresa abriu a plataforma para desenvolvedores ex- ternos. Outros players que podem ganhar importância este ano serão, certamente, o Snapchat e o Pinterest.

FONTE E CRÉDITOS > E LIFE PORTUGAL em www.elifeportugal.com/posts/ver/quanto-valem-os-dados-que-disponibilizamos-nas-redes-sociais?utm_source=Mailing+Brasil+%28atualizado%29&utm_campaign=9c480f1402-Tribos_de_Consumidores&utm_medium=email&utm_term=0_3c303d5255-9c480f1402-52559961

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